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Vento Nordeste
Estava lendo o romance, A Cabana de William P. Young, deitada após o almoço, na rede da varanda. Súbito um vento frio agita as bandeirinhas da Festa de Santana, que fizemos em julho e ainda drapejam ao vento. Meu corpo estremece, levanto em busca de um agasalho. Fecho o livro, apanho caderno e caneta e faço anotações. Dou uma volta pelo quintal observando o pulsar da natureza. As folhas secas da goiabeira rolam sobre os seixos do jardim e param no canteiro florido de beijos, mesmo no inverno. O céu fica cinza e as gaivotas planam sobre a casa. Uma pandorga disputa com elas o espaço subindo e descendo com a rabiola enroscada na guia. O carro de propaganda política corrompe o ambiente e quebra o encanto do momento.

O vento assobia –
As flores de manacá
rolam na calçada.

Saio pelo portão em busca do espetáculo do vento nordeste sobre as águas do mar. De longe ouço o fragor das ondas quebrando na praia. Águas negras e agitadas refletem as cores das nuvens carregadas. Numa incrível visão, o Pão de Açúcar, do outro lado da baia, ainda iluminado é o único ponto claro no horizonte. A água avança com a maré cheia, volto para casa em busca de aconchego e calor, fugindo do vento frio que fere meu rosto, assanha meus cabelos e quase me impede de ver e respirar.

Após a ventania
uma chuva fina cai –
Tarde de domingo.

Praia do Anil, 30.08.2012














Benedita Azevedo
Enviado por Benedita Azevedo em 31/08/2012
Alterado em 23/10/2012


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